terça-feira, 30 de junho de 2009

Saúde: Doces servem para melhorar o humor



A matéria "Açúcar para o humor?", publicada originalmente na revista Marie Claire do mês de maio, mais parece parte da Superinteressante. O texto diz o porque comemos doce quando passamos por situações de estresse, baseado em uma pesquisa holandesa sobre o assunto.

O tema é interessante, especialmente para pessoas nervosas e gordinhas. De acordo com o estudo, o açúcar conforta e melhora o desempenho mental. A pesquisa colocava pessoas saudáveis para beber suco de laranja com açúcar e em seguida executar tarefas estressantes, mergulhando a mão em água gelada alternadamente. Na matéria não diz, e eu não faço idéia do porquê da água gelada! Confesso que isso ficou na minha cabeça.

Os pesquisadores repetiram o procedimento colocando adoçante no suco, em vez de açúcar, e o desempenho das pessoas foi melhor no primeiro caso. No fim, o estudo mostrou que a glicose ajuda na produção de serotonina, que regula a energia e o humor. O resultado é algo que esperávamos, mas e os desdobramentos dele?

A matéria termina com uma dica: quando precisar de açúcar recorra às frutas. O conselho é perfeito, mas por que colocar docinhos lindos na foto? E os diabéticos estressados provavelmente permanecerão assim.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Celebridades: Confira análises aleatórias da linguagem corporal de casais famosos




Os tais guias de linguagem corporal são um dos componentes mais controversos da parte de relacionamentos das revistas femininas. Isso porque, embora certas colocações até pareçam fazer sentido, a eficácia do método é bem questionável quando aplicado à vida real. A coisa fica ainda mais duvidosa quando os psicólogos dão para analisar a linguagem corporal de casais de celebridades, como é o caso da matéria Raio-x do beijo: é técnico ou de verdade?, do site da Nova. Não é meu papel aqui questionar a utilidade dese tipo de matéra, mas sim se ela serve ao seu propósito inicial.

Com ajuda da psicóloga Mariana Meis, vamos descobrir se casais como Adriana Esteves/Vladimir Brichta, Vanessa Lóes/Thiago Lacerda e Murilo Rosa/Fernanda Tavares (nem sabia que eles estavam juntos!) têm química. Para diminuir ao máximo o trabalho com a leitura a Nova dispensa o texto corrido e usa o recurso de foto+legenda, já que o foco da matéria claramente é visual, em detrimento do conteúdo.

O primeiro casal na berlinda é Galisteu e Iódice. "Um beijo afetuoso", garante a psícóloga. "Ela está de lhos abertos, consciente das pessoas em volta. Já ele faz um biquinho infantil, que mostra orgulho de estar com esta mulher".

Em primeiro lugar, não há nenhuma informação que garanta que a psicóloga consultada está apta a analisar esse tipo de situação. Pelo que sabemos, a especialista pode ser uma estudante recém-formada no curso de psicologia, irmã de alguma estagiária da revista. Depois, não há menção dos critérios utilizados para a análise, o que poderia enriquecer e dar mais credibilidade à leitura. Sem especificar os critérios, as observações não passam de descrições aleatórias das fotos.

Sem novidades


O que sabota a matéria é o segundo casal analisado, Drew Barrymore e o bateirista do Strokes/Little Joy, Fabrizio Moretti, que acabaram o namoro há muito tempo. Pela foto, a psicóloga argumenta que os dois "estão desconectados. Ele parece não querer beijá-la (mão no bolso, boca fechada, corpo distante). Ela o abraça, se inclina e ainda puxa pela camisa". Ou seja, se você for beijar seu namorado e ele estivar com a mão dentro do bolso se prepare porque você vai ser chutada.

Moral da matéria: os casais que estão juntos têm química, os que não estão, não têm. Além disso, Drew Barrymore é carente e forçante e provavelmente foi o Moretti quem acabou o relacionamento. Viu só? Dá pra tirar várias conclusões sem fundamento apenas analisando uma imagem. E não precisa nem de diploma de psicologia.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Moda: Nova traz guia de outlets



Este post é mais para expressar um descontentamento pessoal do que uma crítica em si. Mas espero que eu seja ouvida tanto como leitora e quanto jornalista fora do eixo Rio-São Paulo. No site da revista Nova, há uma chamada de capa (com foto) para uma matéria com um "Guia de outlets". Esse tipo de loja vende marcas caras com preços mais em conta, o prometido pelo site são compras para afastar a crise.

Confesso que quando cliquei já esperava um guia das lojas em Rio de Janeiro e São Paulo, ignorando a existência do resto do país. Para minha surpresa, na matéria ainda constavam sugestões de lojas em Salvador e Belo Horizonte, e na seção "achado das leitoras", Porto Alegre e Vitória.

O texto de abertura incentiva a leitora a comprar peças de marcas famosas com 90% de desconto, para um visual rico e glamuroso. Em seguida diz que repórteres e leitoras por todo Brasil mostram onde estão os outlets e se não tiver nenhum perto da sua casa, faça uma viagem com as amigas. Realmente não tem mais nenhum outlet em nenhuma cidade brasileira? Como uma simples brasiliense, sempre ignorada nesse tipo de matéria, eu discordo.

Pois bem, mais perto de Brasília, entre todas as outras é BH. Clico na seção indicada. Duas lojas, uma de lingerie e outra da Patachou. É, eu acho que não vou viajar para Belo Horizonte só por causa delas, mas se estiver passando pela cidade (como, por coincidência estou) pode até ser.

Enquanto a cidade mineira tem apenas duas lojas no "guia de outlets do Brasil", Salvador tem mais duas e Rio de Janeiro tem três. São Paulo tem cinco subdivisões para as lojas. A última seção é a do "achado das leitoras", com mais três dicas.

Até que, somando todas, temos uma boa variedade de outlets diversos, mas concentrados na região sudeste, como é costume das revistas femininas. Valia um esforço maior para encontrar mais opções nas outras regiões do Brasil.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Comportamento: Gloss ensina como adestrar seu homem




"É possível adestrar seres humanos". É essa constatação controversa que abre a matéria Aprenda a domar e lidar com seu namorado, no site da Gloss. O texto é baseado no livro What Shamu Taught me about Life, Love and Marriage (O que Shamu me Ensinou sobre Vida, Amor e Casamento), da jornalista americana Amy Sutherland. O livro relata os resultados das lições que a jornalista aprendeu com os alunos de uma escola de treinadores aplicadas em casa, em seu marido Scott.

Das lições aprendidas com adestradores, a matéria destaca que comportamentos são apenas comportamentos, não questione se eles são certos ou errados, ignore ações que a desagradam e parabenize as que pretende incentivar, e por aí vai.

Alguns problemas: não é preciso ser terapeuta de casais para saber que domar, dominar, adestrar, controlar e outras idéias afins não são muito simpáticas aos namorados, ou melhor, aos seres humanos em geral. Outro ponto é que se a pessoa precisa de ajuda para saber "domar" o namorado é porque talvez a relação não seja lá muito frutífera. Aplicar técnicas sistemáticas de adestramento por falta de alternativa melhor me parece gasto de energia desnecessário, no caso.

A subestimada técnica do bom senso

A parte em que a matéria recorre a personagens é mais interessante do que o livro em si, embora a maioria dos caso não sejam exemplos de adestramento, mas do simples uso de bom senso por parte das meninas. Por exemplo: "A estudante de direito Marcela Silveira, 22 anos, (...) coleciona brigas com o namorado, seu colega de faculdade, porque vira e mexe ele desmarca saídas em cima da hora, preferindo ver os amigos. 'Às vezes, eu já estou toda arrumada quando sou informada de que não vai rolar', conta Marcela. 'Como temos cinco anos de namoro, sinto que é preciso ter tolerância para essas coisas, porque passou aquela fase de querer ficar grudados o tempo todo.' Marcela resolveu criar o hábito de confirmar o encontro antes de começar os preparativos". E ela nem precisou ler o livro da Amy para chegar a essa conclusão útil.

Com os exemplos práticos - relativamente banais, eu diria - a matéria acaba desmentindo seu ponto de partida, já que as mudanças de atitude conseguidas pelas personagens não são frutos de técnicas de adestramento. A lição que fica é que é muito mais fácil chegar a bom termo com o namorado por meio de conversa e observação de atitudes do que o tratando como um poodle malcriado.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Beleza: Cabelos de celebridades



Eu estava passeando pelo site da revista Nova quando me deparei com uma matéria especial sobre dicas de corte de cabelo de celebridades. Admito que é um dos meus temas favoritos entre os típicos assuntos femininos.

Ao clicar no link de capa, dentro da editoria Beleza, aparece o título da matéria: "Um especial com idéias sexy de cortes e penteados". O adjetivo que resume todos os outros que virão a seguir é "sexy", mas quem é sexy? A idéia ou o cabelo? A matéria é, na verdade, uma galeria de fotos de celebridades para inspirar um corte ou penteado que fique melhor na leitora. Ou seja, segundo o texto de abertura, para que ela receba elogios de outras mulheres e “atraia os holofotes”.

Nove estilos são apresentados. Ao clicar em cada um deles uma nova galeria, com cerca de cinco fotos, é aberta. Em vez de seguir a ordem, escolhi ver primeiro a galeria dos estilos bem resolvidos, que segundo a matéria são das celebridades que abusam do cabelo liso (como o meu).

Eu descobri, com uma estudante de visagismo, que um cabelo dito “bem resolvido” poderia ser aquele que cuja forma remete ao quadrado. Ao que parece, era isso o que a matéria queria dizer, pois mulheres bem resolvidas usam o cabelo do jeito que quiserem - e não dependem de quadrados para expressar a sua independência.

Pois bem, as fotos dessa seção mostram cabelos muito parecidos, mas com legendas que descrevem brevemente o que seria a diferença entre eles. Porém a descrição às vezes não ajuda muito. A foto da Cléo Pires é um exemplo: “bobes de velcro para dar volume”. Para uma leitora leiga, o que são bobes de velcro mesmo? Deduzimos agora que eles são usados para dar volume, mas no entanto não conseguimos ver muito do cabelo através da foto, e nada é mencionado sobre o corte.

Não vou falar aqui sobre as outras oito galerias, pois o post ficaria muito longo. Cada uma segue o mesmo padrão de fotos e legendas, a diferença teoricamente está no "tema": copiado, elogiado, feliz, jovem, ousado, poderoso, rico ou vesátil. Escolha um e divirta-se.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Saúde: Marie Claire não explica o que é a dieta do dr. Atkins


A matéria Batalha das Dietas, no site da Marie Claire, abre com uma promessa séria: chegar finalmente a uma conclusão racional a respeito das dietas mais populares do momento. A matéria pretende fazer isso analisando uma pesquisa conduzida por universidades americanas e israelenses, que testaram cinco dietas famosas em 322 voluntários por um período de dois anos.

As dietas citadas na matéria são a de baixo teor de carboidratos, a mediterrânea, a pobre em gorduras, Ornish, Zone e a notória dieta do dr. Atkins. A matéria gasta a maior parte do tempo descrevendo os procedimentos e os resultados das tais pesquisas.

Confesso que, embora até precise, nunca tive o impulso de reeducar a minha alimentação, em parte porque me falta paciência, em parte porque comer é uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Ou seja: totalmente por fora do universo das dietas. É até por isso que alimentei alguma expectativa em relação a essa matéria. A principal delas era a de finalmente descobrir o que cargas d’água é a dieta do dr. Atkins.

No entanto, o que temos? Uma descrição quantitativa da pesquisa. A matéria se limita a reproduzir as informações referentes à pesquisa, comentando seus resultados, não muito diferente de um relatório. A repórter ainda foi atrás de alguns nutricionistas, que não dizem nada de novo. Na segunda página há uma descrição de cada dieta, porém a tradução do artigo científico para a matéria ficou mal feita, porque a repórter usa termos como “gorduras monoinstauradas” e “carboidratos complexos”. Para mim, leiga, isso não significa nada. E - o mais grave na minha opinião - não há maiores satisfações em relação à misteriosa dieta de Atkins.

Embora a matéria prometa desmistificar as dietas, ela não faz mais do que oferecer um relatório científico, que presta pouco serviço ao leitor que não tem especialização na área. No final, ela apenas reforça a história das cinco refeições por dia e diz para nos contentarmos com o esquema de tentativa e erro, e, portanto, para continuar comprando a revista até que encontremos a dieta ideal.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Carreira: O freelancer na Gloss



A Gloss é a revista das jovens em ascensão e por isso não é de se admirar que tenha uma matéria sobre freelancer na editoria Sua Grana. De forma objetiva, a matéria explica o que é, o perfil e dicas práticas para quem quer seguir essa carreira. A diferença, porém, é que o texto foge das dicas, mandamentos e top 5 tradicionais.

A matéria explica, de forma concisa, os "prós e contras da vida sem patrão" anunciados na abertura. No princípio há uma pequena introdução e em seguida um perfil do freelancer construído através de perguntas. Se a pessoa responder "sim" a maioria delas, ok, pode continuar lendo o texto, do contrário, melhor ir para outra matéria.

Com a resposta positiva, segue a história de alguns personagens. Eles contam em poucas palavras situações que passaram e como se livrar delas. As dicas são boas para a interessada, explicando desde rotina até como administrar o dinheiro ganho. Ao fim, a leitora entende um pouco mais sobre o freelancer, mas sem mais do que pequenos exemplos e informações superficiais.

O texto é bom para colocar o assunto em pauta e despertar o interesse das leitoras. A foto é uma ótima sacada: algo inusitado, mas que o trabalho de freelancer realmente permite.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Comportamento: Nova mostra como não ser enganada por diretor de filme pornô amador



De todas as revistas femininas que circulam o Brasil, a Nova é, sem dúvidas, a mais sexualmente liberada. E o sexo corre tão selvagem no site que a matéria Falsos namorados que transformam você numa atriz de filme pornô até chama a atenção por seu tom preventivo.

Trata-se de uma denúncia: homens aparentemente bacanas podem muito bem gravar momentos íntimos sem o consentimento da parceira e mostrar para os amigos e/ou o mundo inteiro na internet. Com a banalização das câmeras digitais, isso é uma preocupação entre as solteiras, porém “NOVA não vai deixá-la sozinha”.

A introdução da matéria basicamente expõe a situação e explica as técnicas usadas na reportagem. Ao que parece, a repórter fez seu dever de casa e cobriu todos os lados da questão: procurou uma psicóloga para entender os motivos do comportamento, ouviu um dos homens que tem o hábito duvidoso, além de explicar as proporções que um escândalo como esse pode tomar na rede, dicas para não cair na cilada e procedimentos legais para as vítimas.

A psicóloga culpa a vaidade natural masculina e os reality shows, que exaltam o exibicionismo. Em contrapartida, o depoimento de um praticante mostra que o problema maior está no fato de os homens encararem a invasão de privacidade como uma brincadeira.

É fato que, além da obsessão por salto alto, a Nova herdou de sua prima americana, a Cosmopolitan, a noção de que tudo que é dirty é sexy. Por isso, embora a matéria ofereça insights interessantes sobre o aspecto legal da “brincadeira”, a Nova deixa sua ninfomania interferir nas informações, o que resulta em mensagens contraditórias ao longo da matéria.

Moral e bons costumes a parte, a foto é muito sensual para acompanhar uma matéria de denúncia e reforça ainda mais a idéia do fetiche. Outro problema é a inconsistência dos personagens. Na parte de depoimentos, os nomes dos rapazes foram alterados e as histórias são contadas de forma indireta, ou seja, nas palavras da repórter. Esse, na verdade, é um problema em vários textos do site, o que coloca em cheque a veracidade dos depoimentos e empobrece a matéria.

Por falar em personagens, essa era uma boa oportunidade de ouvir as mulheres que já passaram por isso. Por mais que seja um assunto delicado, é importante saber como elas lidaram com a situação, já que os personagens da matéria são anônimos mesmo. O resultado é um assunto importante tratado de forma superficial, com poucas informações realmente úteis, que não pareçam ter sido tiradas de um episódio de Sex and the City.

Por fim, fica muito difícil levar a sério a denúncia, quando se abre o site da Men’s Health, que, assim como a Nova, é da editora Abril, e se encontra uma matéria que mostra, passo a passo, como convencer a mulher a participar de fotos e vídeos sensuais.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Estamos de olho



Se tem uma coisa que nós amamos odiar são as revistas femininas. Parece que ninguém gosta de admitir que tentou aquela dieta do chá, comprou o sutiã de R$ 150 que a Marie Claire indicou, respondeu o teste para saber se você é Jennifer ou Angelina, ou recortou o calendário da Nova só por causa do modelo sarado do mês.

Por mais que este novo movimento de intolerância à futilidade negue, o fato é que essas revistas estão há décadas vendendo padrões de beleza e comportamento que fazem parte do dia a dia da mulher, mesmo que seja por osmose. E não adianta: nunca vai faltar público para elas.

Embora os opositores tenham boas intenções, eles pecam em um ponto: não há nada de errado em um pouco de futilidade na vida. O que se pode fazer é tentar criar uma consciência crítica em relação a esse tipo de leitura. E é para isso que criamos o Tudo Sobre Eva.

É importante lembrar que revistas femininas são jornalismo também, e, portanto, têm para com o público o compromisso de formar, informar e entreter. O objetivo não é negar o papel dessas revistas na formação da mulher. Queremos, antes, questionar a qualidade da informação transmitida.

Diariamente, vamos postar matérias dos sites da Gloss, Nova e Marie Claire analisadas por mim e pela Paola, duas (quase) jornalistas de Brasília e consumistas vorazes de jornalismo feminino, cultural e de entretenimento. Não queremos fazer apologias feministas aqui, apenas discutir a qualidade jornalística das matérias.

Movie geeks que somos, batizamos o blog de Tudo Sobre Eva em homenagem ao filme-assinatura da nossa über diva Bette Davis, A Malvada (All About Eve, 1950). Para quem não viu, é o filme sobre comportamento feminino, em que Bette Davis é má mesmo sendo a mocinha. Nosso objetivo é ser como sua personagem, a Margo Channing: implacável, mas sem perder a compostura e nem o senso de humor.

Agradecimentos especiais à nossa designer, Anne Karoline Silva, que hospedou o blog e elaborou esse layout bacana.